quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Achei esse diário perdido em minhas coisas e o mais estranho é que ele não contém nenhuma escrita sequer. Sua capa é vermelha vinho e possui uma chave na própria capa [ seria uma ironia afinal?]. Só sei que assim que o encontrei sentia que ele me pertencia e assim o acolhi.
Eu sempre soube que eu fui uma viajante do tempo e me recordo de algumas passagens de forma breve, mas o mais estranho é que sequer me recordo de minhas histórias do passado e como tudo aconteceu como aconteceu. Apenas sei que gosto de me vestir assim, por me sentir confortável e por ter essas roupas de forma mais prática. Possuo armas, porém nem elas mesmas tem alguma munição o que é estranho porque armas são armas e não meros enfeites para apenas dar medo e para que as pessoas não mexam conosco.

Sei que estou presa nessa realidade-temporal e não sei como sair daqui, sinto que preciso montar todo esse grande quebra-cabeça para enfim desvendar a mim mesma e recuperar toda a tecnologia que desenvolvi outrora e que ficou perdida assim com meus pensamentos.

Após uma viagem à Paranapiacaba algumas coisas começaram a mexer muito comigo. Não pelo fato de estar entre vários colegas viajantes, alguns cientistas, até mesmo doutores... mas pelo fato de não recordar-me realmente de minha história, dos meus maiores medos, dos meus maiores inimigos...Como explicar afinal o grande carinho que tenho por algumas pessoas do "nada"?? Ou será que elas estariam envolvidas em meu passado? Ou seriam elas quem me salvariam no futuro? Estou presa pois não sei por onde começar... se é no futuro que me salvo e no passado me condeno...

-Voltando a Paranapiacaba.-
Levei meu corvo mecânico [ que é a única tecnologia que eu possuo que tem ligação com meu passado] para tentar concertar enquanto aguardava a grande convenção. Porém não encontrei nenhuma pista... já que tive de mudar seu mecanismo por algo mais moderno [ sim.... pilhas], por não saber manipular de forma coerente.... bem... tenho até vergonha de dizer isso.
Imagine uma pessoa sem um passado- ou futuro -simplesmente vivendo essa vida cotidiana... que de repente descobre que não sabe quem realmente é! E sequer sabe onde está a máquina que me trouxe para cá, ou seu dispositivo... apenas um corvo mecânico e pensamentos vagos.... são tantas as dúvidas...

Pois bem....só sei que senti uma nostalgia estranha ao pisar naquela cidade....é como se.. eu realmente já tivesse passado por lá alguma vez, ou feito algum grande ato[ porque os grandes atos que fazemos ficamos de certa forma gravados em nós]... apenas digo isso porque a sintonia entre mim e a cidade era grande... eu queria vivê-la, queria senti-la... respira-la de tamanha poesia...!
Meus olhos buscavam sua beleza abrangente e em todos os postos via uma cantiga antiga de algo que ninguém repara... como sair à noite para caminhar em meio a neblina e me deparar com aquelas cenas que fazem você chorar...
Despeço-me com uma dor no coração e a vontade de voltar para lá em algum tempo... em alguma oportunidade.... afim de desvendar o meu vínculo com aquela cidade. Afim de me desvendar entre a neblina de Paranapiacaba, que é onde hoje perpetua a lágrima que derramei ao descobrir que nada sei e que uma nova jornada acabou de começar.